sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Conto inacabado - 1ª parte

A festa estava cheia, música nos últimos volumes, vozes gritando numa tentativa de conversar.
Mas dentro de sua cabeça, pelo salão só havia o som suave de uma sinfonia perdida que era executada por anjos.
Nada era capaz de tirar sua atenção daquele brilho intenso que emanava da pessoa a seu lado.
Tudo era inverso. A energia, palpável. Os toques, etéreos. O tempo, descompassado. A vida cotidiana, distante.
A sensação inegável de prazer enquanto se conheciam parecia mágica.
Mas não acreditava em mágica.
Então o que era?
Não sabia, mas se permitia sentir para, talvez, conseguir descobrir.
E enquanto permitia, se perdia. Se perdia dos pensamentos, das dúvidas, das incertezas, das mentiras, das decepções.
Se perdia dos medos. Das tristezas.
Se sentia bem... sufocantemente bem... angustiantemente bem.
Por alguns segundos, com o olhar perdido em algo que só sua mente sabia, parecia prestes a gritar. Sentia um calor singular pelo corpo, algo que nascia em seu peito e se espalhava rapidamente, irradiando aquela sensação, e canalizava tudo em direção aos seus olhos e parecia prestes a irromper em lágrimas furtivas.
Queria chorar. Queria sorrir. Queria gritar. Queria cantar. Queria expressar tudo aquilo das formas mais primitivas e básicas. Das formas mais naturais e honestas.
Diante daquele turbilhão que acontecia dentro de si, preferiu procurar a outra boca e agradecer com um beijo fulminante e delicado.
E por fim descobriu que havia mágica no mundo.