quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Corpo e Alma

Toma meu corpo, é teu.
Mas não minha alma.
Deixa ela comigo ainda, preciso sentir o que é para ser sentido, viver o que é para ser vivido e amar, o que deve ser amado.
Deixa ela solta, preparada para conhecer o mundo inteiro. Outros mundos. O Universo. A próxima.
Deixa que minha alma reconheça outras almas livres, outras almas presas, outras almas perdidas, outras almas solitárias, outras almas felizes, outras almas carentes. Deixa ela ser amistosa, carinhosa, protetora, cuidadosa. Deixa ela ser assustadora.
Deixa minha alma viajar por aí, solta, livre, saqueando amores alheios para depois retomar seu caminho.
Não precisa temer.
Ela brinca, se esconde, vai, mas sempre volta ao lugar de origem.
Meu corpo. Que é teu.
Sempre teu.

Toma minha alma, é tua.
Mas não meu corpo.
Deixa ele comigo ainda, preciso sentir o que é para ser sentido, viver o que é para ser vivido e amar, o que deve ser amado.
Deixa meu corpo se exercitar por aí, com outros corpos, ser conduzido por outras mãos, outras bocas, outras línguas, outros cabelos, outros aromas. Deixa ele ser o condutor.
Deixa que ele fique por cima ou por baixo, ou de lado ou do outro, deixa ele explorar os espaços entre as pessoas, os objetos, os vazios. Deixa ele fazer os movimentos precisos ou errôneos, deixa ele brincar, se reconhecer, deixa meu corpo pintar e bordar.
Deixa meu corpo arfar, sorrir, chorar, gemer, tremer, respirar, correr, pular, suar, lamber, pisar, morder, pegar, bater, parar. Ele nasceu para isso.
Não precisa temer.
Ele finge reconhecer você em outros corpos, vai, mas volta sempre ao lugar de origem.
Minha alma. Que é tua.
Sempre tua.