domingo, 19 de julho de 2009

Aroma noturno

Acordou de madrugada sentindo o leve aroma adocicado do cabelo dela em suas narinas.
Cada fio acariciando sua face era um convite ao pecado, e a essência da soma destes fios era o que precisava para recuperar seu sono e revigorar seu fôlego.
Lembrava da noite anterior, exaustiva e excitante...
Cada gesto, cada palavra, cada olhar, cada mordida, cada lambida...
Cada vez que sentia o toque dela em seu corpo, o coração acelerava.
Em cada gozo pensou que infartaria.
Em cada gota de suor tinha a certeza que repetiria essa tortura deliciosa sempre que ela quisesse.
Em cada segundo de silêncio, agora, ouvindo apenas sua respiração e sentindo o cheiro de seus cabelos, vislumbrava uma história a dois.
Não haviam garantias de que durariam juntos, mas ele sentiu uma vontade indescritível de fazer seu máximo para dar certo.
Sentiu sono de novo e, se ajeitando na cama, num movimento suave tocou sem querer as costas dela.
Ela se virou, felina, voltando o rosto para ele, ainda adormecida.
Era possível sentir o beijo da respiração um do outro, tão perto que seus rostos estavam.
Não resistiu à proximidade e tocou devagar os lábios dela com os seus.
Ao recuar a cabeça para seu travesseiro, percebeu um leve sorriso se formar no rosto dela.
Registrou esse momento num canto de sua memória onde permaneceria intacto para sempre.
Diante daquele sorriso leve e espontâneo, seus olhos se fecharam sem pressa até que ele, enfim, adormeceu novamente.